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quarta-feira, 14 de abril de 2010
Definição de Cibercultura segundo Pierre Lévy e 3 EXEMPLOS
Antes de tentar definir a definição de cibercultura, quero informar o Professor e colegas, que adorei ler o livro, pois penso que é de uma qualidade extrema. É digno de estar na prateleira da nossa casa.
Neste livro, CIBERCULTURA, Pierre Lévy, consegue através de um discurso elaborado, cheio de analogias históricas, mas ao mesmo tempo de um simplicidade clarificadora, descrever uma realidade difícil de legendar. Consegui-me identificar em vários capítulos e perceber as mudanças nas quais estamos inseridos e das quais não podemos nos alienar.
Para definir Cibercultura, segundo Lévy, temos de identificar o meio da sua criação, na qual ela emerge e se transforma, o ciberespaço.
A cibercultura produzida neste espaço, não possuem nem centro nem linhas directrizes. É vazio, sem conteúdo particular, mas que aceita todos ao mesmo tempo, pois a cada novo nó da rede de redes em expansão constante pode tornar-se produtor ou emissor de novas informações.
Lévy, denomina a universalidade do acontecimento, desprovido de significado central, num sistema da desordem, com transparência labiríntica, mas com falta de totalidade, a essência paradoxal da cibercultura.
Cibercultura é possível existir, porque denota-se um desenvolvimento do sistema digital universal como também, da progressão de todos os elementos do ciberespaço, devido também à integração, à interconexão, ao estabelecimento de sistemas cada vez mais interdependentes, universais e transparentes.
Para Levy, a cibercultura que emana do ciberespaço, surge a partir da desconexão de operadores sociais (máquinas abstractas), a universalidade e a totalização. Estes dois conceitos surgiram acoplados aquando da invenção da escrita, pois a escrita não determina automaticamente o universal, também a condiciona.
Universalidade (Universal) - é a presença (virtual) da humanidade em si mesma.
Totalidade – Conjunção estabilizada do sentido de uma pluralidade (discurso, situação, conjunto de acontecimentos, sistema, etc.).
“Grande parte das formas culturais derivadas da escrita tem vocação para a universalidade, mas cada uma totaliza sobre um atractor diferente: as religiões universais sobre o sentido, a filosofia sobre a razão, a ciência sobre a exactidão reprodutível, os “media” sobre uma captação num espectáculo siderante, baptizado de “comunicação”. Em todos os casos, a totalização ocorre sobre a identidade da significação.” Lévy, P (pág. 117)
A escrita actual no ciberespaço, leva-nos aos momentos antes da invenção da escrita, mas noutra escala e noutra órbita, na medida em que a interconexão e o dinamismo em tempo real das memórias on-line tornam novamente possível, para os parceiros da comunicação, compartilhar o mesmo contexto, o mesmo hipertexto “vivo”. Virtualmente, todas as mensagens encontram-se mergulhadas num banho comunicacional fervilhante de vida, incluindo as próprias pessoas, do qual o ciberespaço surge, progressivamente, como o coração.
“Esta interconexão generalizada, utopia mínima e motor primário do crescimento da Internet, emerge como uma nova forma de universal.” Lévy, P (pág. 118)
Contudo a cibercultura dá uma nova forma a um novo tipo de universal, o universal sem totalidade. O ciberespaço, não consegue engendrar uma cultura do universal, porque está em toda a parte, e sim porque a sua forma é indissociável da humanidade, pois permite para quem esteja envolvido ou interessado, possa emitir a sua opinião, mostrado direito adquirido e legítimo.
Assim, como estamos todos inseridos no dilúvio da comunicação, não pode haver uma totalização, pois cada conexão suplementar acrescenta ainda mais heterogeneidade, novas fontes de informação, novas linhas de fuga, de tal modo que o sentido global torna-se menos perceptível, cada vez mais difícil de circunscrever, de fechar, de dominar. Ou seja, a cibercultura permite a existência da humanidade em si mesma, ao contrário da totalidade estabilizada.
Quanto mais o novo universal se concretiza ou se actualiza, menos ele é totalizável. Lévy, P (pág. 120)
Lévy, indica a génese do ciberespaço, como fruto um verdadeiro movimento social, onde predomina os três princípios orientadores: interconexão, as comunidades virtuais e a inteligência colectiva.
Como contribuidores de cibercultura, temos na sua maioria os anónimos e amadores dedicados que melhoram constantemente as ferramentas de software de comunicação e não os grandes nomes.
A internet é um dos mais fantásticos exemplos de construção cooperativa internacional. Lévy, P (pág. 126)
Princípios da criação do Ciberespaço (Programa da Cibercultura) | |
Interconexão | O horizonte técnico do movimento da cibercultura é a comunicação universal: cada computador, cada aparelho, cada máquina,…, deve possuir um endereço na Internet. |
Comunidades virtuais | Construída a partir das afinidades de interesses, de conhecimentos, sobre projectos mútuos, em um processo de cooperação ou de troca… A moral implícita da comunidade virtual é em geral a da reciprocidade. |
Inteligência Colectiva | Um grupo humano interessa-se por criar uma comunidade virtual para aproximar-se do ideal colectivo inteligente, mais rápido, mais capaz de aprender e de inventar… Cada um de nós é uma espécie de neurónio de um mega-cérebro planetário… |
RESUMO | |
O programa da cibercultura é o universal sem totalidade, já que a interconexão deve ser não apenas mundial, mas quer também atingir a compatibilidade ou interperabilidade generalizada. Universal, pois no limite ideal do programa da cibercultura qualquer um deve poder aceder de qualquer lugar as diversas comunidades virtuais e seus produtos. Universal, enfim, já que o programa da inteligência colectiva diz respeito tanto às empresas como às escolas, às regiões geográficas como às associações internacionais. A interconexão condiciona a comunidade virtual, que é uma inteligência colectiva em potencial. Lévy, P (pág. 133) |
A criação do ciberespaço, também teve repercussões a nível da arte. A criação ou alteração de conteúdos relacionados, passaram-se a chamar de ciberarte. A música, a imagem e o texto estão a sofrer tantas modificações, pois cada um de nós é um possível agente ou co-autor e modificador da ciberarte.
A obra virtual é “aberta” por construção. Lévy, P (pág. 136)
Os testemunhos artísticos da cibercultura são obras-fluxo, obras-processo, ou mesmo obras-acontecimento pouco adequados ao armazenamento e à conservação. Lévy, P (pág. 147)
Levy, define cada um de nós como engenheiros do mundo, no qual críamos obras, mas não acabadas por si só, pois possuem portas abertas para a metamorfose.
Muito há a dizer sobre a cibercultura no livro de Pierre Lévy, pois o tema em si é muito vasto, ou universal. Tentei extrair do livro o que achei mais relevante e coloquei neste texto.
3 EXEMPLOS DE CIBERCULTURA:
Perante a leitura do livro, do meu senso comum e de alguns artigos lidos na internet, descobri que existem vários exemplos de cibercultura.
Vou destacar em primeiro lugar:
AS COMUNIDADES DE APRENDIZAGEM:
- cada vez mais existem comunidades de aprendizagem na Web, designando-se também pelo ensino à distância (EAD). Os centros de aprendizagem (Universidades, centros de aprendizagem, etc.), cada vez mais proliferam a nível mundial. A necessidade de conhecer e de aprender, com o menor custo possível, leva instituições e empresas a reorganizar-se para permitir o ensino on-line. Para coadjuvar, há uma série de recursos disponibilizados na Web, tais como, os repositórios e as bibliotecas digitais, através do e-books , como blog’s e sites educativos ou de formação.
Em segundo lugar, destaco:
AS REDES SOCIAIS:
- as redes sociais cada vez mais uma rotina no dia-a-dia dos cidadãos. A necessidade de comunicar e conhecer, tem levado milhões de pessoas a utilizar várias interfaces de comunicação, tais como o Messenger, IRC, Facebook, Twitter, skipe, etc. Estas plataformas de comunicação têm evoluído de tal forma, que se passou de uma comunicação textual, para a comunicação com imagem e som em tempo real, podendo estar ligado a uma série de informação.
Em terceiro lugar, destaco:
A ARTE SOM, DA IMAGEM E DO VÍDEO:
-actualmente encontramos na Web, toda a multiculturalidade musical do planeta. Agora não se compram discos, cassetes, ou mesmo quase CD’s, compram-se músicas ou álbuns, realizando downloads.
A imagem veicula uma série de informação, que pode ser encontrada na Web. Quase tudo é fotografado e publicado. Existem “armazéns” de fotografias digitais, onde cada um pode contribuir com o seu trabalho. O vídeo, e principalmente a partir da criação do Youtube, passou a ser mais uma ferramenta de divulgação planetária, para vários fins é claro. Com oo vídeo aprende-se, conhecesse, divertimo-nos, etc. Anexando a este exemplo de cibercultura, destaco, os jogos on-line. A evolução neste campo tem sido brutal, pois o interesse económico é muito. Milhões de cibernautas passam horas de lazer, a jogar jogos on-line ou off-line com grupos de parceiros do mundo inteiro, na busca do mesmo objectivo.